sábado, 27 de fevereiro de 2010

À Espera do 724

Quinta-feira,dia 17 de abril.O horário não sei bem ao certo dizer,há quem diga que foi por volta das 18:00 horas.Lurdes e seu filho Bernardo esperavam o ônibus 724 que os levaria de volta para casa.Lurdes,sempre bem vestida,calçava sua bota com salto Luís XV,um pouco gasto de horas e horas de espera,uma calça jeans,talvez não fosse a melhor mas com certeza era o seu xodô,acompanhado de uma blusa branca e sua jaqueta jeans.Já seu filho,Bernardo,de 12 anos,ia calçando seu antigo chinelo,seu bermudão já rasgado na altura da coxa e sua camisa regata.Naquele dia Lurdes havia levado seu filho para o trabalho,pois sua irmã não tinha condições para cuidar de Bernardo,e assim tinha começado a rotina dos dois.Após um árduo trabalho,Lurdes queria somente chegar em casa e descansar o máximo possível.
Parada ali naquele ponto movimentado,Lurdes observava as pessoas.À sua frente estava um empresário,que falava apressadamente no celular enquanto o outro tocava.Muito nervoso,sua mão tremia e ele suava frio.Ao seu lado ela via uma senhora,aparentava ter uns 80 anos,esperando com um olhar distante do normal.Na esquina tinha um senhor com o seu carrinho de mão vendendo picolés.Bernardo,entediado com a demora do ônibus,pediu para sua mãe um picolé.Lurdes,cansada das horas de trabalho,deu o dinheiro para o seu filho e pediu que ele se cuidasse.Nesse instante,passou um outro ônibus,que não pararia no ponto em frente a sua casa,mas pararia uma rua acima.Pensou em entrar,mas estava muito exaurida para andar esse quarteirão.É verdade que ela chegaria mais cedo em casa,mas preferiu esperar o 724.
Então,Lurdes começou a relfetir sobre a vida,pensou em como sua vida poderia ser diferente se ela estivesse casada.Também pensou em todas as decisões tomadas na sua vida,em toda vez que ela havia tentado acertar e por algum motivo alguém sempre a julgou.E quando ela voltava atrás,tentando agradar alguém,terminava desagradando outra.Refletiu ainda sobre o seu afastamento com a sua família e como ela sentia falta de um ombro amigo ou pelo menos de uma palavra companheira,para alegrar nos momentos mais dificeis e complicados,e não palavras ásperas e duras como o de costume.Sua família nunca tinha apoiado as suas idéias e pensamentos,e quando Bernardo nasceu,o julgamento foi pior.
Quando olhou para a esquina,ela via seu filho brincando,feliz com o picolé na mão.Ela conseguia ver toda a felicidade do mundo nos olhos de Bernardo,sua razão de trabalhar horas e horas sem desistir nem sequer um dia.Quando pôde observar,uma lágrima havia caído de seu olho.Sentindo vergonha,Lurdes fechou seus olhos e teve flashs da sua vida inteira,e lembranças da sua infancia aparaceram em sua cabeça.Flashs e mais flashs,e de repente uma luz muito forte nos seus olhos,pessoas gritando,buzinas de carros,uma luz maior ainda...
Bernardo veio correndo sem entender a gritaria causada no lugar.Quando ele chegou no ponto,sentiu sua vista ficar cansada e desmaiou.Só no dia seguinte Bernardo foi entender o que tinha acontecido,quando pegou o jornal com os seguintes dizeres:"ÔNIBUS 724 PERDE O CONTROLE E MATA UMA MULHER".

2 comentários:

  1. Muito bom brother! muito bom mesmo!

    ResponderExcluir
  2. Outro ótimo conto, porém com pequenos vícios de linguagem. Passando pelas mãos de um corretor, e verificando mínimos erros, tornaria uma narração digna de publicação. A essência e o temperismo, itens mais importantes, garantem ótima qualidade

    ResponderExcluir