terça-feira, 30 de março de 2010

O tempo perdido

Alice estava exatamente ali,parada na frente de Maurício.Aquele dia não era um dia como qualquer outro,pois entre os dois tinha uma história muito grande.Após seis anos sem se verem,os dois se encontravam naquela situação,parados,um olhando para o outro sem ao menos pronunciar uma palavra.
Voltemos um pouco no tempo para que o leitor possa entender melhor a situação presenciada pelos dois naquele dia.Há seis anos atrás Maurício era completamente apaixonado por Alice,mas não apenas uma paixão,e sim aquele amor em que cada dia que passa é um novo descobrimento da vida.Alice sempre foi muita amiga de Maurício,porém nunca teve o mesmo interesse de Maurício.É verdade que por algumas vezes rolaram alguns estranhamentos,em específico um dia em que foi além de um simples estranhamento.Mas,o que para Maurício poderia ser um começo do seu romance,para Alice foi apenas uma noite.
Com a conclusão da escola,suas vidas foram separadas.Na visão de Alice,a lembrança de Maurício era como um bom amigo nas horas que ela sempre precisou.Em contraposição,Maurício não conviveu muito bem com essa separação.Por várias vezes ele se pegou triste com algo ou sem nenhuma vontade,e sempre que procurava saber o porque,remetia a uma pessoa,Alice.Mas,como dizem,o tempo cura tudo,e Maurício teve outras paixões durante esses anos,mas nenhuma como aquela que ele tivera com Alice.
Agora,seis anos depois,eles se reencontravam.De princípio,um parou em frente ao outro,sem dizer nada.Depois de um tempo de silêncio,Alice disse então que estava muito feliz em ver Maurício e que nesses últimos meses tinha pensado bastante nele.Nesse instante,o coração de Maurício quase pulou pela boca,mas ele se conteve e apenas deu um sorriso de canto de boca.Alice então falou que eles poderiam tentar uma nova aproximação e quem sabe algo.
Bom,Maurício queria ouvir isso há seis anos,e agora seu sonho estava se realizando.Por um novo instante,os dois se encararam sem dizer nada.Maurício então resolveu falar.Ele preferiu não se alongar muito,mas disse em poucas palavras que Alice tinha sido seu único amor em sua vida,e que ele demorou algum tempo para que pudesse superar seu amor.Ainda disse que gostava muito dela e sonhava com o dia em que ela falaria isso para ele,mas que infelizmente ele não poderia possibilitar essa chance.
Alice olhou bem no fundo de seus olhos,e fez menção de chorar,tentou segurar,mas uma lágrima já havia caído de seu rosto.Maurício ainda refletiu,mas dessa vez não foi seu coração que disse mais alto,e sim sua mente.Reiterou que aquilo não poderia acontecer,virou as costas e saiu andando devagar.Antes de sair,parou e ainda percebeu que Alice chorava quieta e se sentia perdida.Maurício então só olhou de novo para frente e continuou andando.

sábado, 20 de março de 2010

O último suspiro

A porta se abriu e só se ouviu o barulho das chaves caindo sobre a mesa.Miguel chegava em casa após um exaustivo dia de trabalho.Fechou a porta e foi logo em direção ao banheiro para que pudesse lavar o seu rosto.Quando terminou,voltou para a sala e sentou-se no sofá.Sua casa não era grande,ao contrário,era pequena,tendo uma sala com uma cozinha americana,um banheiro e um quarto que mal cabia sua humilde cama.Levantou e caminhou até a geladeira,abriu-a e pegou sua garrafa de vodka,não totalmente cheia,mas o suficiente para esquecer dos seus problemas.
Se encostou na única cadeira que existia na sua cozinha,pegou o copo e despejou uma grande dose de vodka nele.Sem pensar duas vezes,virou tudo em apenas um gole e viu aquele líquido descer queimando pelo seu pescoço.Talvez aquele gole tenha sido o último que Miguel realmente sentiu descer.
De família boa,Miguel sempre teve oportunidades ao longo de sua vida,porém nenhuma delas aproveitou.Nunca foi apegado aos bens materiais,mas também nunca reclamou se os tivesse.Porém,como não aproveitou suas oportunidades,virou um mero esquecido no mundo dos fortes.Seu pai não olhava mais em sua cara,sua mãe então achava que ele,Miguel,era a maior decepção de sua vida em todos os sentidos.Seu irmão mais velho,homem de negócios,nem sequer se dignava a dirigir a palavra a ele.Além disso,Miguel não havia conseguido casar e constituir uma família,o que para ele era indispensável.
Olhando pela janela da cozinha,Miguel sabia que para muitos ele era uma tremenda decepção.Encheu novamente seu copo,e com outro gole,sentiu o líquido descer mais uma vez.Olhou em sua volta,levantou e foi caminhando em direção a gaveta do criado-mudo.Lembrou-se que ali ele guardava uma arma,presente de seu pai,e com muita paciência pegou-a,colocou a única bala que havia no tambor.Voltou então para a cadeira e jogou o seu corpo nela novamente.Agora Miguel não tinha apenas seu copo e a garrafa de vodka,mas também uma arma e uma bala.
Sua cabeça já não raciocinava mais.Colocou então o resto do líquido da garrafa em seu copo.Olhou bem para a sua arma e para dentro dela,que continha a bala.Pensou que isso não era o certo,mas pelo menos ele conseguiria por um ponto final nessa história.Bebeu mais um pouco,não o suficiente para esvaziar a copo.Então,levantou sua arma,colocou-a em sua cabeça para acabar tudo.Seu olho chegou escorrer uma lágrima,mas não foi útil para faze-lo parar.Puxou o gatilho e só se pôde ouvir o barulho.O líquido do copo já não era mais transparente,tinha um tom avermelhado.

domingo, 7 de março de 2010

O pôr-do-sol

Cansado,era isso e nada a mais.Fernando encontrava-se sentado no topo da cidade olhando de dentro do seu carro para o pôr-do-sol.Quase todos os dias ele entrava no seu carro após o trabalho e dirigia pela estrada até o ponto mais alto da cidade,parava seu carro e ficava ali olhando o pôr-do-sol para esvaziar sua cabeça.Quando lhe perguntavam o porque daquilo,ele simplesmente não sabia explicar,mas sabia que o sol caindo sobre o horizonte o acalmava.Não pensava em seu patrão,não pensava em sua familia,não tinha nada em mente a não ser observar o pôr-do-sol por completo.
Em um desses dias,Fernando terminou ficando um tempo a mais no topo da cidade observando o pôr-do-sol,e quando resolveu ir para a casa já estava praticamente de noite.Quando deu partida em seu carro,andou cerca de 50 metros e percebeu que o pneu estava completamente vazio.Pacientemente,saiu de seu carro para ver o pneu traseiro direito.Após olhar,chegou a conclusão que ele havia furado no caminho e que tinha esvaziado enquanto ele estava parado com o carro.Então,sem mais delongas,abriu seu porta-malas e pegou o estepe.
Após uns 20 minutos,Fernando havia trocado o pneu e estava pronto para continuar o seu caminho em direção sua casa.Portanto,tornou a entrar em seu carro,ligou e pegou a estrada.Enquanto Fernando andava pela estrada,dirgia praticamente automático,pois na verdade sua cabeça estava em outro lugar,pensando em todos os problemas que ele tinha.De repente Fernando observou que uma luz vinha na sua direção.De primeira estância,observou que era um carro.Olhando melhor,chegou a conclusão que o carro estava na contramão e que iria colidir com o seu.Então,colocou a luz forte no carro para avisar o perigo.
Nada,o carro continuava vindo na sua direção.Pnesou então em piscar a luz do carro.E assim foi feito,apagando e ascendendo sua luz.Porém,o carro continuava vindo em sua direção.Na sua última situação de desespero,Fernando mudou o carro de faixa,mas já era muito tarde.O outro carro fez o mesmo trajeto e...
Fernando acordou assustado.O sol tava se pondo e ele tinha que ir embora para casa.Então ligou o seu carro,mas observou algo estranho nele.Percebeu que seu pneu estava furado.Desligou o carro e pacientemente foi trocá-lo para ir embora para casa.

terça-feira, 2 de março de 2010

A vida como ela é

Todos fizeram silêncio quando Mercedes entrou em sala de aula.Esse ritual era o mais feito pelos alunos quando se tratava da professora Mercedes.Sempre com o cabelo preso,ela usava seu vestido de chita e na mão sempre carregava a sua prancheta,temida por todos os alunos.Era nela que as anotações estavam contidas,tais como presenças,matérias de provas e tudo que seus alunos faziam durante a aula.Os mais endiabrados tinham tremenda raiva do mau humor da professora,que sempre tratava todos com pouquíssimas palavras e de um jeito sempre ríspido.
Falando apenas o necessário,Mercedes ordenou para que os alunos fizessem uma redação sobre o tema que ela havia colocado na lousa.Alguns levantaram a mão,tiraram suas respectivas dúvidas e começaram a redigir suas redações.Sempre muito séria,Mercedes começou a andar pela sala de aula observando os seus alunos.De repente um fato chamou sua atenção,quando um de seus alunos havia começado com o seguinte título:"A vida como ela é".Vendo esse título,Mercedes sentiu uma sensação como nunca tinha sentido antes.Respirou fundo e continuou andando pela sala.
Pórem,quando ela deu mais três passos,parou e relfetiu sobre o curioso título de seu aluno.Pensou em como sua vida estava e por quantos momentos difíceis havia passado nos últimos meses.Parou para pensar o quanto ela tratava aquelas crianças de uma maneira ruim,quando na verdade o problema não eram as crianças mas sim ela mesma.Seu pai tinha falecido no mês passado de uma forma horrível,e Mercedes sabia que ela tinha tido um parcela de culpa.Sabia também que sua maior tristeza era não falar com sua mãe há quase 5 anos,após uma situação boba criada pelas duas e a arrogância tinha falado mais alto todos esses anos impossibilitando sua reaproximação com sua mãe.
De repente Mercedes observou que meninos e meninas passaram correndo pelo corredor com uma alegria imensa contagiando todos ao redor.Pensou em repreender os meninos,mas depois pensou melhor e ficou quieta.Na verdade,por um instante quis abraçá-los para numa tentativa de desespero ter aquela alegria.Não fez isso também,ficou ali apenas pensando.Levantou a cabeça,enxugou uma possível lágrima e deu um sorriso se conformando com a vida como ela é.