domingo, 16 de maio de 2010

Ela

Fechou o vidro do carro impedindo a passagem de ar que acontecia.Olhou para a porta da casa e não viu nada.O horário rodava lá pelas onze da noite.Murilo estava ali,em frente a casa de sua ex-namorada.Estava ali sim,esperando uma oportunidade para poder conversar com ela.Não podia dizer que ele se encontrava em um bom estado mental,pois não dormia há mais de dois dias,só pensava nela,só vivia por ela.Por isso,esperava ali como alguém que espera pela vida,para que pudesse pelo menos conversar e tentar uma reconcilhiação.
Se ajeitou no banco,ligou o som do carro para que o tempo passasse.Não deve ter passado um minuto e Murilo já estava desligando o som.O tempo não passava.Se ajeitou de novo,verificou se o seu bolso estava cheio,e abriu o vidro do carro.Olhou para trás e percebeu que havia uma revista jogada no banco traseiro.Se esticou e pegou-a.Olhou a capa,não era uma revista nova,mas mesmo assim optou por ler.Começou,mas após dois minutos,perdeu a paciência e jogou a revista no lugar que ela já se encontrava antes.
Continuou ali,sentado no carro.Decidiu então por sair e fumar um cigarro,pois assim ele relaxaria um pouco.Assim foi feito.Murilo saiu do carro e acendeu o seu cigarro.Fazia um tempo frio,foi difícil acender,foi preciso um tempo.Pode-se dizer que foi um cigarro bem demorado,para que Murilo pudesse tirar toda a sua tensão naquela situação.Após esse momento,ele percebeu que o frio era tão grande que saia fumaça de sua boca.Fechou o agasalho o máximo possível e entrou de novo no seu carro,fechando o vidro que estava aberto.
Quando se ajeitou no banco,viu que a porta se mexeu.Era ela que saia da casa,com todo seu charme e toda sua beleza,que chamava a atenção de todos e deixava Murilo bêbado de amor.Viu então que o momento era aquele.Mas,antes que pudesse sair do carro,ela voltou para dentro da casa.Murilo logo deduziu que ela havia esquecido,era um hábito comum por ela.Não decorreram dois mintuos e lá estava ela de novo saindo de casa.
Murilo então,verificou mais uma vez o volume de seu bolso e abriu a porta do carro.Sem que ninguém percebesse,ele foi aos poucos se aproximando dela.Quando chegou perto,encostou em seu ombro e esperou.Ali estava Murilo,que havia esperado a noite inteira por aquilo.Só que no momento em que ela virou,Murilo não teve reação alguma.Várias palavras vieram na sua mente,foram até a sua língua,mas nenhuma saiu.Ele não tinha reação.Pensou em beijá-la,mas seu corpo não lhe proporcionou isso.De repente,de maneira inesperada,ele simplesmente tirou a arma que estava no seu bolso e atirou.Murilo quis gritar e tentar impedir seu corpo.Ela foi caindo aos poucos,olhando para ele,de um jeito de quem se perguntava o porque daquilo.Nem Murilo sabia ao certo,aquela ação não havia passado pela sua cabeça,mas seu corpo já tinha feito.Desesperado,queria ajudar a qualquer custo sua amada.Pórem,seu corpo se virou,andou até o carro,entrou e saiu da forma mais rápida.Ela,então,ficou ali,no chão,esperando lentamente pela sua morte.

domingo, 2 de maio de 2010

A Hora Atrasada

Uma vez,duas vezes,três vezes.Nada fez com que Arnaldo evitasse a colisão com aquele pedestre.Não devia ser muito tarde,porém o sol já não existia.O carro veio,não muito rápido,mas com velocidade o suficiente para machucar aquela pessoa que atravessava a rua.Arnaldo saiu do carro e foi constatar o que ele mesmo acabara de ter feito.Quando chegou na frente do seu carro,pôde ver que uma criança se encontrava jogada no chão.Rapidamente,pensou no que poderia ser feito.Ele conhecia um hospital ali perto,mas sabia que mexer na vítima poderia ser fatal,pois não sabia se a vítima tinha lesões na coluna ou em outras partes do corpo.
A decisão pairava no ar.Arnaldo olhou em volta e não encontrava ninguém.A bateria do seu celular havia acabado,para buscar socorro a criança ficaria ali no chão.Depois de relutar,chegou perto da criança e viu que ela ainda respirava.Pegou-a com muito cuidado e levou até o carro.Com toda a pressa,saiu o mais de pressa que pôde e foi em direção ao hospital.Chegando no destino,Arnaldo se encaminhou até a recepção e expôs a situação.A recepcionista disse que aceitava a criança,porém precisaria de um adiantamento para a cirurgia.Ele era um trabalhador,de família simples,não tinha aquele dinheiro.A atendente,então,falou que eram ordens dos médicos e que nada poderia ser feito.
Arnaldo voltou para o seu carro,olhou para a criança e observou que ela respirava com muita dificuldade.Existia um outro hospital,não muito perto,mas não restava outra opção.A toda velocidade,Arnaldo se encaminhou para o hospital seguinte.Quando chegou,olhou novamente para a criança,viu que dentro em breve ela morreria.Saiu como um trovão do carro e entrou no hospital.Explicou de novo a situação,dessa vez para o médico que se encontrava na porta.Ele não quis ouvir muita coisa,mas disse que sem adiantamento não haveria cirurgia.Arnaldo implorou,porém o médico disse que estava indo embora para casa,para que ele procurasse ajuda em um hospital público.
A porta do carro abriu com toda a força e Arnaldo encostou na criança.Ela não respirava mais.Por um momento Arnaldo ficou paralisado,não sabia o que fazer.Viu então que a criança tinha uma conta em seu bolso.O endereço era bem familiar,ele sabia aonde ficava aquela casa.Assumiu o volante novamente e levou o carro até o endereço que constava na conta do bolso da criança.
Desceu do carro,pegou a criança pelo colo e levou-a até a porta.Tocou a campainha e esperou.Quando abriram a porta,Arnaldo não pôde acreditar.A pessoa que se encontrava ali,na frente,era justamente o médico do primeiro hospital.