domingo, 28 de fevereiro de 2010

O caso do colégio Madre Teresa

Pedro.Era tudo isso que Juliana havia pensado nos últimos seis meses.Sua vida havia se resumido apenas a uma pessoa,e tudo que ela fazia tinha o intuito de agradar Pedro.Juliana sempre foi uma menina tímida,sentia vergonha de si mesma e sempre achava os outros mais capacitados.De uma familia humilde,não tinha os luxos iguais os seus amigos da escola,tais como viagens para a Europa,roupas da última estação,Ipods,notebooks,enfim,não tinha o mesmo padrão de seus colegas.Juliana nunca era convidada para as festas,pois achavam que ela não era capacitada o bastante para tal evento.Mas ela tinha algo que todos os seus colegas não tinham.Juliana tinha entrado no colégio Madre Teresa através de uma prova,por isso seu conhecimento era acima do normal.
Numa terça-feira tudo ocorria do mesmo modo.Trabalho de classe,Juliana era a mais requisitada entre todos,e na hora do intervalo ela era a mais isolada.Nesse dia porém os fatos não aconteceriam como o normal.Sentada na escadaria do colégio ela comia o seu lanche feito em casa com todo o amor de sua mãe.Estava vestida com o famoso vestido azul do Madre Teresa e tinha como acessório o seu cinto de jeans.Usando uma flor no cabelo,Juliana arriscava imitar as suas colegas consideradas tão populares.Vendo aquela cena,igual em todos os dias,Pedro resolveu deixar seu amigos de lado e ir conversar com Juliana.
Quando Pedro se aproximou de Juliana e a cumprimentou,ela estava tão distraida que até se assustou.Então,ele perguntou se poderia se sentar com ela.Logo,o simples desejo de Juliana de conversar com Pedro estava sendo realizado.Tremendo,ela fechou o livro e deu um sorriso para ele.Talvez não tenha sido o melhor sorriso,mas com certeza foi o mais contente que ela tinha dado até aquele momento na sua vida.Juliana percebeu que Pedro também estava suando frio quando ele começou a falar.Meio sem jeito,ele disse a Juliana que a achava muito bonita e que gostaria de convidá-la para a festa no sábado.Juliana,num momento de nostalgia enorme,aceitou o convite de seu amado com o brilho do mar em seus olhos.Ele,então,deu um beijo em sua bochecha,levantou e se juntou aos seus amigos a caminho da aula.
Juliana ficou mais um momento na escadaria ainda meio aérea,sem saber qual sentimento era aquele percebido por ela.Levantou,foi caminhando devagar em direção a sala,e soube desde aquele dia o significado do amor.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

À Espera do 724

Quinta-feira,dia 17 de abril.O horário não sei bem ao certo dizer,há quem diga que foi por volta das 18:00 horas.Lurdes e seu filho Bernardo esperavam o ônibus 724 que os levaria de volta para casa.Lurdes,sempre bem vestida,calçava sua bota com salto Luís XV,um pouco gasto de horas e horas de espera,uma calça jeans,talvez não fosse a melhor mas com certeza era o seu xodô,acompanhado de uma blusa branca e sua jaqueta jeans.Já seu filho,Bernardo,de 12 anos,ia calçando seu antigo chinelo,seu bermudão já rasgado na altura da coxa e sua camisa regata.Naquele dia Lurdes havia levado seu filho para o trabalho,pois sua irmã não tinha condições para cuidar de Bernardo,e assim tinha começado a rotina dos dois.Após um árduo trabalho,Lurdes queria somente chegar em casa e descansar o máximo possível.
Parada ali naquele ponto movimentado,Lurdes observava as pessoas.À sua frente estava um empresário,que falava apressadamente no celular enquanto o outro tocava.Muito nervoso,sua mão tremia e ele suava frio.Ao seu lado ela via uma senhora,aparentava ter uns 80 anos,esperando com um olhar distante do normal.Na esquina tinha um senhor com o seu carrinho de mão vendendo picolés.Bernardo,entediado com a demora do ônibus,pediu para sua mãe um picolé.Lurdes,cansada das horas de trabalho,deu o dinheiro para o seu filho e pediu que ele se cuidasse.Nesse instante,passou um outro ônibus,que não pararia no ponto em frente a sua casa,mas pararia uma rua acima.Pensou em entrar,mas estava muito exaurida para andar esse quarteirão.É verdade que ela chegaria mais cedo em casa,mas preferiu esperar o 724.
Então,Lurdes começou a relfetir sobre a vida,pensou em como sua vida poderia ser diferente se ela estivesse casada.Também pensou em todas as decisões tomadas na sua vida,em toda vez que ela havia tentado acertar e por algum motivo alguém sempre a julgou.E quando ela voltava atrás,tentando agradar alguém,terminava desagradando outra.Refletiu ainda sobre o seu afastamento com a sua família e como ela sentia falta de um ombro amigo ou pelo menos de uma palavra companheira,para alegrar nos momentos mais dificeis e complicados,e não palavras ásperas e duras como o de costume.Sua família nunca tinha apoiado as suas idéias e pensamentos,e quando Bernardo nasceu,o julgamento foi pior.
Quando olhou para a esquina,ela via seu filho brincando,feliz com o picolé na mão.Ela conseguia ver toda a felicidade do mundo nos olhos de Bernardo,sua razão de trabalhar horas e horas sem desistir nem sequer um dia.Quando pôde observar,uma lágrima havia caído de seu olho.Sentindo vergonha,Lurdes fechou seus olhos e teve flashs da sua vida inteira,e lembranças da sua infancia aparaceram em sua cabeça.Flashs e mais flashs,e de repente uma luz muito forte nos seus olhos,pessoas gritando,buzinas de carros,uma luz maior ainda...
Bernardo veio correndo sem entender a gritaria causada no lugar.Quando ele chegou no ponto,sentiu sua vista ficar cansada e desmaiou.Só no dia seguinte Bernardo foi entender o que tinha acontecido,quando pegou o jornal com os seguintes dizeres:"ÔNIBUS 724 PERDE O CONTROLE E MATA UMA MULHER".