quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O Ano Novo

Era ano novo.Era? Beto não sabia ao certo se aquela frase se adequava à sua vida.Afinal de contas,o que é o ano novo? É uma data comemorativa,na qual as pessoas deixam um ano e tentam coisas novas para o ano que se inicia.E é nesse ano que as pessoas buscam mais alegria,mais compreensão,mais afeto.Pois é,será que Beto poderia dizer que aquilo era um ano novo?
Estava ali,sentado na sua varanda,vendo abaixo a rua movimentada de gente,esperando o esperado,o horário primordial,a meia noite.Outro fato curioso que fazia Beto pensar.Até aonde aquele horário era a virada do ano? Para ele,sim.Mas,e para os outros? Enquanto ali havia comemorações,no outro lado do mundo pessoas dormiam,trabalhavam e se estressavam.Radical? Talvez,mas não é preciso ir muito longe.Enquanto a rua estava mais agitada do que a Paulista em horário de pico,pessoas doentes habitavam o hospital,mendigos dormiam nos rodapés das ruas,nas sarjetas das praças.
Então,o que Beto comemorava ali? Nem ele sabia.Não era uma pessoa feliz,não tinha filhos,esposa,nada.Seus pais,distantes.Moravam perto,mas não nos sentimentos.Ele não falava com o seu pai fazia alguns anos,e passaria outro sem fazê-lo.Sua mãe,o julgava,tentava entendê-lo,mas na verdade,a cada julgamento,se distanciava ainda mais do seu filho,sem perceber.Seu irmão,boa gente.Não tinha uma amizade muito firme,mas mantinha o agradável.
Triste? Não.As pessoas continuavam ali na rua,bebendo,cantando,se divertindo.Ninguém estava preocupado com Beto.Beto era apenas mais um,era apenas uma pessoa no mundo.Não adiantava alguém ir lá,consolá-lo,não iria mudar os fatos.No dia seguinte,Beto continuaria ali,naquela vida,naquela labuta,naquela rotina.E o relógio passava as horas como uma bactéria,deteriorando o mais rápido e o mais depressa.Nojento? Não,medo.O tempo passa,o tempo não volta. Clichê? Sim,mas o mais certo de todos.Ano novo? Amanhã,toda aquela gente alegre estaria fazendo os mesmos erros e acertos do ano passado.Mudança? É dificil fazê-la,se não você mesmo.Alguns podem até dizer que o poder da palavra é tão forte quanto uma ação.Mas uma ação será sempre uma ação,e nunca uma promessa não cumprida.
Fogos eclodiram no ar,a hora havia chegado,as pessoas gritavam,comemoravam,faziam as mais diversas supertições.Pulavam,chupavam uva e jogavam os caroços para trás,tomavam banho de champagne.Beto,da sua varanda,apenas observou.Tinha certeza,o ano tinha virado,mas as atitudes continuavam as mesmas.Então,aquilo seria um ano novo?

2 comentários:

  1. hahaha ta diferete o estilo agora, legal, mais descritivo...
    mas gostava mais dos textos com mais açao!
    abss

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